Quase 30 famílias que moram perto da barragem no Rio Pequeno, em Linhares, Norte do Espírito Santo, terão que sair de casa. A medida foi anunciada após um estudo apontar que a estrutura, feita pela Samarco, não está segura. De acordo com a Fundação Renova, a medida é preventiva.
A barragem no Rio Pequeno foi feita pela Samarco em 2015, para impedir que as águas do Rio Doce, atingido por rejeitos de minério, entrassem em contato com a Lagoa Juparanã. Em agosto do ano passado, os moradores ribeirinhos tiveram que sair das casas por causa da abertura de um canal no rio, para dar vazão à água represada da lagoa.
Agora, sete meses depois, a Renova pediu que as 28 famílias saiam das casas de novo. “Estou muito aborrecida de sair daqui, deixar a casa, deixar tudo”, desabafou a aposentada Maria José dos Santos.
Moradores terão que deixar as casas pela segunda vez por causa de barragem — Foto: Raphael Verly/ TV Gazeta
Segundo os moradores, eles não foram avisados com antecedência. “Eu cheguei ontem do serviço e disseram que eu teria que sair até as 15h de hoje”, disse o inspetor penitenciário Marcelo Custódio.
A empresa alega que a decisão é para atender uma medida de segurança, porque alguns estudos feitos por uma consultoria técnica identificaram riscos estruturais no barramento.
“Esse barramento apresentou um risco. O que pode acontecer é a gente não conseguir manter esse barramento estável e, com isso, a gente ter um problema emergencial e ter que fazer uma ação ainda mais corrida então a gente está agindo preventivamente”, disse o gerente de território Sérgio Kuroda.
Para onde vão as famílias
A Fundação Renova disse que, como a retirada das famílias é uma medida de segurança, não há prazo de retorno. Neste primeiro momento, moradores vão ficar em hotéis por dez dias.
Fundação pede retirada de famílias de região em Linhares — Foto: Raphael Verly/ TV Gazeta
“Para a gente manter as famílias em segurança, a gente está junto com a Defesa Civil organizando a remoção dessas famílias. Já estão todos os hotéis reservados. A gente está agora com equipe mobilizada para fazer a mudança das famílias. Durante esse período, a gente vai estruturar os processos de moradia provisória até que esse barramento não esteja mais aqui”, explicou o gerente de território.
Quem tem comércio na região afetada está ainda mais preocupado com a situação. O arquiteto Nilson Freire contou que os moradores já se juntaram e vão procurar a Justiça.
“Nós estamos questionando o período que a gente vai ficar fora. Como fica a situação das pessoas que dependem daqui, o trabalho nesse período?”, disse.
A Renova garante que vai dar assistência as famílias enquanto estiverem fora das casas e que nesse período vai continuar monitorando a barragem.
“O barramento continua sendo monitorado 24h, a gente tem uma equipe de vigilância que está cobrindo todo o perímetro para manter as residências, os bens das famílias em segurança”, disse Kuroda.
Casas ribeirinhas em Linhares, às margens do Rio Pequeno — Foto: Raphael Verly/TV Gazeta
Fonte: G1