O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, relacionou o baixo orçamento destinado ao Museu Nacional do Rio de Janeiro, consumido pelo fogo na noite de ontem (2), à necessidade de uma reforma da Previdência. Segundo ele, áreas como a manutenção de museus ficam prejudicadas quando o orçamento precisa lidar com o déficit previdenciário.
“Não existe possibilidade de termos um orçamento eficiente no Brasil enquanto tivermos uma responsabilidade fiscal e uma previdência cujo déficit tira dos cofres públicos R$ 1 bilhão por dia. Essa é a verdade. Podemos até fazer na Lei Orçamentária Anual mais algum investimento nessa área [de museus]. Isso vai ser discutido no Congresso, [mas] isso vai tirar recursos de algum outro local”, disse Marun, hoje (3), no Palácio do Planalto.
Marun disse ainda que outros museus têm problemas de verba e deveriam buscar “recursos próprios” para se manterem. “Museus têm que ter fonte de recursos próprios. O Brasil tem centenas de museus importantes e tenho convicção de que temos dificuldades de manutenção em muitos deles, principalmente naqueles que não têm uma sustentação própria”.
O ministro lembrou que o governo federal, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) havia repassado uma verba de R$ 21 milhões para reformar o museu. “O governo gestionou um patrocínio ao BNDES. Dia 6 de junho foi assinado o termo de patrocínio de R$ 21 milhões para revitalizar o museu. Nós vamos atuar no sentido de proteger e valorizar o que foi salvo. Mas é uma tragédia irreparável”. Segundo ele, essa verba poderá ser utilizada para reconstruir o prédio.
Marun criticou as manifestações de pesar e lamento em relação à perda de milhões de peças que ajudam a contar a história do Brasil e da civilização humana como um todo. Para ele, apareceram “viúvas chorando” o ocorrido, mas que “não amavam tanto assim” o museu. “Agora que aconteceu, tem muita viúva chorando”.
Para o ministro, o museu não era destacado na imprensa de forma que demonstrasse sua relevância. Informado que existem matérias desde 2004 sobre os perigos que o museu corria, ele rebateu, afirmando que não havia visto nada a respeito na televisão.
“Existe matéria de 2004, mas na televisão eu não vi ultimamente alguém destacando a história do museu, valorizando o museu para que ele se tornasse mais amado pela população. Está aparecendo muita viúva apaixonada, mas essas viúvas não amavam tanto assim o museu em referência”.
Fonte: Agência Brasil