O ex-presidente Lula, condenado e preso em Curitiba, disse a interlocutores que seria melhor esperar até o Carnaval para definir estratégia de oposição ao governo Jair Bolsonaro. Segundo relatos feitos à direção nacional do PT nos últimos dois dias, Lula avaliou que Bolsonaro terá dificuldades para executar propostas radicais apresentadas durante a campanha eleitoral devido ao “sistema de pesos e contrapesos” da democracia.
Petistas interpretaram a fala do ex-presidente como uma referência ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Tem que ver os próximos passos. Certamente ele não será a pessoa que foi na campanha”, teria dito o ex-presidente.
De acordo com petistas, isso não significa que o partido deve ficar inerte. Ao contrário, o partido vai se opor a medidas pontuais de Bolsonaro, como a tentativa de aprovar pontos da reforma da Previdência ainda antes da posse desde o primeiro momento. Mas o discurso de combate ao “fascismo” não é suficiente.
Lula também avaliou que Bolsonaro tem um “pepino” nas mãos para a montagem do governo. Isso em função, principalmente, das divergências entre os diversos grupos que apoiaram sua candidatura e do discurso eleitoral de não conceder a indicação de ministros a partidos em troca de apoio no Congresso Nacional.
Na segunda-feira, Lula recebeu o tesoureiro do PT, Emidio de Souza, e também o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, na sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde cumpre pena por corrupção e lavagem de dinheiro desde o dia 7 de abril deste ano. Os dois, por sua vez, fizeram relatos da conversas a lideranças petistas.
De acordo com esses relatos, Lula disse ter passado “dias de angústia” no final de semana, quando é proibido de receber visitas. Ele reclamou de ter passado o dia de seu aniversário, no último sábado, sozinho. O ex-presidente condenado só pode receber visitas nos dias de semana, segundo as normas da carceragem da Polícia Federal
O partido tem apostado cada vez mais na nova liderança do candidato derrotado Fernando Haddad. Apesar da derrota, o desempenho nas urnas foi bem aceito.
O relator da Operação Lava a Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, negou nesta terça-feira (30) um pedido da defesa do ex-presidente para suspender uma ação penal que investiga se o petista recebeu propina da empreiteira Odebrecht.