Após determinar o bloqueio de um site investigado por publicar mensagens de ódio contra negros, mulheres e homossexuais e de apologia ao crime, a juíza Gisele Guida de Faria, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), teve seus dados pessoais divulgados em um fórum anônimo da internet. O tribunal acionou a Polícia Civil.
Em sua decisão, a juíza determinou que todas as operadoras e provedores brasileiros de acesso a internet bloqueiem o acesso a todo o conteúdo do site, apontado, pela magistrada, como “um instrumento de comunicação usado em escala global para a prática de reiterados crimes”, como a veiculação de “mensagens difamatórias, caluniosas e ofensivas à honra de várias pessoas, além de comentários generalizados de cunho racista, homofóbico e sexista”.
Desde ontem (24) a página está fora do ar. Á reportagem, a juíza confirmou que seus dados pessoais, como endereços e telefones residenciais e funcionais, tinham sido divulgados em um fórum anônimo que promove conteúdo homofóbico, racista, sexista e apologia à pedofilia. O autor da postagem anônima diz ainda que está juntando dinheiro para pagar alguém para “dar fim” na magistrada.
A juíza não é a primeira representante do Poder Judiciário a ter seus dados pessoais vazados no mesmo fórum. No último sábado (20), a Agência Brasil publicou reportagem em que especialistas em crimes cibernético e vítimas do mesmo grupo declararam acreditar queresponsáveis pelo site bloqueado podem ser usuários do fórum. Após a publicação, informações pessoais do procurador da República no Rio de Janeiro, Daniel Prazeres – que enviou à Polícia Federal para investigar o caso – também foram compartilhadas anonimamente.
Com o site fora do ar, os responsáveis pela página passaram a enviar e-mails à imprensa ofendendo a juíza. “Além de não ter como bloquear meu site, eu ainda vou investigar toda a vida desta juíza e da família dela […] Vou contornar este bloqueio”, diz o autor do e-mail enviado hoje (25), à Agência Brasil.
O site chamou atenção após publicar um texto com ofensas a seis estudantes e a um professor da universidade UniCarioca. Desde então, internautas passaram a denunciar a página. A organização não governamental (ONG) SaferNet, que se dedica à prevenção e ao combate a crimes contra os direitos humanos na internet, recebeu 11 mil denúncias em 48 horas. A organização recomenda aos internautas que não compartilhem os links, nem acessem este e outros sites semelhantes.