Os 12 adolescentes e o treinador do time de futebol “Javalis Selvagens”, que ficaram mais de duas semanas presos em uma caverna inundada no norte da Tailândia, participaram nesta quinta-feira (19) de uma cerimônia budista de ação de graças. Eles passaram a primeira noite em casa depois de deixarem o hospital em que estavam internados para se recuperar dos dias em que ficaram presos sem comida.
Os meninos estiveram no início da manhã (horário local) no templo Wat Pha That Doi Wao, em Mae Sai, na província de Chiang Rai, onde vive a maioria deles, acompanhados de familiares.
Todos eles realizaram um ritual destinado a garantir uma vida longa e próspera, e, de acordo com a tradição budista, homenagear o mergulhador tailandês Saman Kunan, que morreu durante as operações de resgate.
A participação nessa cerimônia budista no templo de Pha That Doi Wao, na fronteira com Mianmar, é a segunda aparição em público da equipe. Nesta quarta, eles tiveram alta e participaram de uma entrevista coletiva em que relataram o medo e fome que passaram durante o período em que ficaram na caverna Tham Luang.
As autoridades tailandesas pediram à imprensa que os deixe tranquilos por um mês.
Como aconselharam os psiquiatras, os garotos devem voltar à escola e recuperar uma vida normal o mais rápido possível.
Dias na caverna
Os membros da equipe de futebol “Javalis Selvagens” ficaram presos em 23 de junho e saíram apenas em 10 de julho da caverna de Tham Luang, uma das maiores da Tailândia.
Na entrevista desta quarta, os meninos, que têm entre 11 e 16 anos, e o técnico, de 25, relataram que chegaram a cavar “três ou quatro metros” em busca de uma saída e sobreviveram bebendo a água que escorria pelas paredes da caverna.
O mais novo do grupo contou que não tinha força física e que tentava não pensar em comida para não sentir mais fome do que já sentia. Segundo os médicos, os garotos perderam em média 2 kg no período em que ficaram presos e recuperaram no hospital uma média de 3 kg cada um.
Os jovens também descreveram como “milagroso” o momento em que foram encontrados pelos mergulhadores britânicos após nove dias de isolamento. A operação de resgate, que envolveu mais de mil pessoas, durou três dias.
Os meninos disseram que perderam a noção do tempo dentro da caverna e que, por isso, perguntaram aos mergulhadores há quanto tempo estavam ali.
Entenda o caso
- No dia 23 de junho, 12 meninos de um time de futebol e o técnico faziam um passeio de bicicleta e entraram na caverna. A chuva ficou intensa, e a água subiu muito rápido, deixando o grupo preso.
- Eles ficaram isolados e sem comida por 9 dias. Em 2 de julho, mergulhadores ingleses encontraram o grupo, debilitado e com muita fome, a 4 km da entrada da caverna e entre 800 metros e 1 km de profundidade.
- O resgate durou três dias. Nos dias 8 e 9, foram retirados quatro garotos em cada dia. No dia 10, foram resgatados mais quatro meninos e o técnico.
- Cada garoto foi conduzido por pelo menos 2 mergulhadores e usou máscara facial de oxigênio durante o percurso até a entrada da caverna, que durava 6 horas. Vários trechos eram muito estreitos, com água turva e baixa visibilidade.
- Os resgatados foram levados de helicóptero para hospital, onde ficaram em quarentena e observação.
- Tiveram alta em 18 de julho e relataram o que sentiram nos dias em que ficaram presos e os planos para o futuro.
Fonte: G1