Japão: idas de premiê Shinzo Abe a hospital geram preocupação sobre sua saúde
24 ago, 2020
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, afirmou, nesta segunda-feira (24), que busca “cuidar de sua saúde e fazer o máximo em seu trabalho”, depois que suasegunda visita a um hospital em poucos dias gerou preocupação se ele poderia permanecer como líder da terceira maior economia do mundo.
A visita ocorreu em que o premiê ultrapassou o recorde de mandato consecutivo mais longo como primeiro-ministro japonês estabelecido por seu tio-avô Eisaku Sato há meio século, aumentando a especulação de que ele poderia renunciar após atingir a marca.
Abe, criticado pela forma como lidou com o surto do novo coronavírus e alguns escândalos, sofreu uma queda no apoio dos eleitores para um dos níveis mais baixos desde que voltou ao cargo para um segundo mandato em 2012 com promessas de reanimar a economia e reforçar a defesa.
“Gostaria de cuidar da minha saúde e fazer o meu melhor no meu trabalho”, disse Abe a repórteres em sua residência oficial, depois de visitar um hospital de Tóquio, onde disse ter recebido os resultados de um exame feito na semana passada e submetido a exames adicionais.
Abe, que fará 66 anos no mês que vem, também disse que gostaria de falar novamente mais tarde sobre seus exames médicos.
Mais cedo, o porta-voz do governo Yoshihide Suga disse que Abe estava fazendo um acompanhamento após check-up realizado há uma semana, quando seus exames duraram 7 horas e meia, alimentando preocupações sobre sua saúde.
A grande emissora Nippon TV, porém, disse que Abe estava sendo tratado para uma doença crônica em vez de um check-up, citando várias fontes não identificadas do governo e do partido no poder.
Abe, em seu segundo mandato desde 2012, teve um primeiro mandato conturbado do qual ele renunciou abruptamente em 2007, por causa de lutas contra a colite ulcerosa, uma doença que ele agora controla com medicamentos que não estavam disponíveis anteriormente.
“Nada preocupado”
O gabinete do premiê não deu uma explicação detalhada sobre as visitas ao hospital, mas o ministro da Saúde, assessor próximo, Katsunobu Kato, disse que a visita da semana passada foi um check-up regular e que ele “não estava nem um pouco” preocupado com a saúde de Abe.
A mídia japonesa tem especulado sobre a saúde de Abe neste mês, incluindo relatórios detalhados sobre sua velocidade de caminhada.
A revista semanal Flash disse que Abe vomitou sangue em seu escritório em 6 de julho. A Reuters não conseguiu verificar o relatório amplamente citado, que foi negado por funcionários do governo.
Abe faz um check-up regular duas vezes por ano, com o mais recente em 13 de junho, disse a agência de notícias Kyodo, acrescentando que a visita da semana passada foi um seguimento de um check-up de junho, citando uma fonte hospitalar.
Se Abe for incapacitado, o vice-primeiro-ministro Taro Aso, 79, que também é ministro das finanças, assumirá temporariamente como primeiro-ministro em exercício.
Se Abe disser que decidiu renunciar, ele permanecerá no cargo até formalmente substituído, o que exige uma eleição presidencial do Partido Liberal Democrata, seguida pela eleição formal do vencedor no parlamento.
O mandato de Abe como presidente do partido e, portanto, primeiro-ministro, termina em setembro de 2021, a menos que ele deixe o cargo antes.
Entre os possíveis sucessores estão Aso, o ex-ministro da Defesa Shigeru Ishiba, o ex-ministro das Relações Exteriores Fumio Kishida, Suga e o ministro da Defesa Taro Kono.
Todos são legisladores veteranos do LDP que provavelmente não farão grandes mudanças nas políticas, apesar das divergências nos detalhes.
Mas qualquer sucessor pode achar difícil repetir a longevidade política de Abe, que se seguiu a anos de premiês de porta giratória e foi ajudado pela economia forte, controle rígido sobre os burocratas e partidos de oposição fracos.