Há 70 anos, Maracanã é palco de glórias e tragédias dos times do Rio
17 jun, 2020
O Maracanã é visto como a “casa” dos times do Rio de Janeiro nas disputas nacionais e internacionais. É fato que, na cidade, há outros estádios, como São Januário e Nílton Santos, que já receberam até jogos decisivos importantes. Mas ao longo de seus 70 anos o velho Maraca pode se orgulhar de ter sido o palco das maiores festas inesquecíveis para o torcedor, inclusive o visitante.
Personagens não faltam. Pelé marcou o primeiro gol dele pela Seleção no Maracanã. E nos anos 60 foi campeão em cima do Botafogo, do Flamengo e do Vasco no mesmo estádio. Roberto Dinamite “explodiu” pela primeira vez no Mário Filho; Zico marcou seis gols numa única partida; Elvis deu show, regendo o Santo André; Fred e Gabigol prometem brigar pela artilharia da nova arena. Ado, do Bangu, Edmundo, do Vasco, Thiago Neves, do Fluminense, também ficaram marcados no estádio, em pênaltis desperdiçados.
Pelé foi campeão no Maracanã pelo Santos e marcou o primeiro gol dele com a camisa da Seleção no estádio, em jogo pela Copa Roca de 1957. Arquivo Nacional. Fundo Correio da Manhã. BR_RJANRIO_PH_0_FOT_03128_001 – Arquivo Nacional
Há uma curiosidade: apenas dois dos considerados grandes do Rio conquistaram títulos internacionais no Maracanã – o Botafogo levantou a Copa Conmebol, em 1993, e o Flamengo, em 2020, conquistou a Recopa Sul-Americana. No entanto, os dois protagonizam dois dos maiores vexames: ambos perderam finais de Copa do Brasil, contra adversários considerados bem mais fracos, respectivamente Juventude, em 1999, e Santo André, em 2004.
Flamengo e Botafogo se encontram em outra estatística interessante. Segundo o RSSSF Brasil, site de estatísticas e resultados de todos os jogos do futebol brasileiro, o Maracanã recebeu 321 jogos com mais de 100 mil torcedores, incluindo os times do Rio e a Seleção Brasileira. Com 112 jogos, sendo 44 deles contra o Vasco – daí o apelido de “Clássico dos Milhões” -, o Flamengo lidera o ranking, enquanto o Botafogo tem apenas 43 participações. Mas é do Alvinegro o último registro de público tão grande: exatamente na decisão da Copa do Brasil contra o Juventude, com 101.851 torcedores. Desde aquele jogo, em 1999, e em razão das reformas, o Maracanã nunca mais recebeu tanta gente numa partida de futebol.
Vasco e Flamengo fazem o “Clássico dos Milhões”, recordista de público – Thiago Ribeiro/Agif/CBF/Direitos reservados
O Estádio Jornalista Mário Filho tem, na história, decisões municipais, estaduais, regionais, nacionais, continentais e mundiais. Excetuando as municipais e estaduais, as demais, que envolvem os times do Rio de Janeiro, totalizam 34 jogos (em sistema mata-mata ou pontos corridos), desde o Torneio Rio-São Paulo de 1952, entre Vasco e Portuguesa (SP), e a Recopa Sul-Americana, entre Flamengo e Independiente del Valle (EQU), em 2020.
A lista das 34 decisões
Campeonato Brasileiro / Copa União – 11
1971 – Botafogo 0 x 1 Atlético-MG – Atlético-MG campeão
2020 – Flamengo 3 x 0 Independiente Del Valle – Flamengo campeão
No resumo, o Flamengo é o time com mais participações em finais e títulos conquistados – nove, e outros seis perdidos; em seguida vem o Botafogo, com quatro títulos ganhos e outros quatro desperdiçados; o Vasco, assim como o Fluminense, soma três títulos no Maracanã, mas o time de São Januário esteve em outras cinco finais, mas saiu derrotado; o Tricolor perdeu as outras duas que disputou. O Bangu perdeu o único título, dessa lista, que decidiu no Maracanã. No total, são 19 títulos – três deles conquistados sobre rivais cariocas.
A torcida do Fluminense já festejou três títulos nacionais no Maracanã – Bruno Haddad/Fluminense F.C./Direitos reservados
A lista aumentaria de tamanho se fossem relacionados os jogos dos Estaduais. Esses em que a paixão e a rivalidade crescem e ganham em emoção. Nessa relação estão muitos dos 333 gols de Zico, do Flamengo, o maior artilheiro do Maracanã; a vibração de Cocada, do Vasco, em 1988; o gol de barriga de Renato, pelo Fluminense, em 1995; a cavadinha de Loco Abreu, do Botafogo, em 2010.