O presidente peruano Pedro Pablo Kuczynski começou sua discurso no Congresso na manhã desta quinta-feira (21) para se defender do processo de impeachment por “incapacidade moral”.
“Venho hoje para encarar o país por uma acusação falsa”, disse o presidente na abertura de seu discurso, segundo a France Presse.
Recorrendo à estabilidade democrática, Kuczynski também defendeu sua permanência no cargo e disse que democracia do país pode sofrer caso a tentativa da oposição tenha sucesso, informa a Reuters.
“Não está em jogo minha permanência no cargo, está em jogo a estabilidade democrática, não apoiem uma destituição que não se sustenta, porque o povo não duvida, nem perdoa”, disse Kuczynski.
O pedido de impeachment de Kuczynski foi feito pela oposição dias depois de a empreiteira brasileira Odebrecht revelar o pagamento de propinas milionárias a empresas ligadas a ele. Kuczynski alega inocência e chamou de “golpe de Estado” o pedido de impeachment contra ele.
Na noite de quarta-feira (20), milhares de pessoas participaram de um protesto em Lima contra a corrupção e pela saída “de todos os corruptos”.
No final da passeata, a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo contra um grupo que tentou chegar à Praça San Martín por um caminho não autorizado.
Como será o processo
O presidente apresentará suas alegações a um Congresso dominado pela oposição e decidido a destituí-lo.
Depois de ouvir as alegações do chefe de Estado, o Congresso unicameral manterá um debate e iniciará a votação pelo impeachment por ter ocultado que empresas vinculadas a ele prestaram assessoria para a Odebrecht, pelas quais pagou quase cinco milhões de dólares.
Para aprovar a vacância por “incapacidade moral permanente” de Kuczynski, são necessários 87 dos 130 votos do Parlamento. Os votos parecem certos, visto que o processo de impeachment foi solicitado por 93 legisladores.
Vice-presidente já está no país
O primeiro vice-presidente do Peru, Martín Vizcarra, que acumula o cargo de embaixador no Canadá, já chegou ao país. Ele deverá assumir o cargo, caso Kuczynski sofra o impeachment.
A menos que ocorra um milagre, Kuczynski se converterá no primeiro presidente a perder seu cargo por vínculos com a Odebrecht, que também está envolvida em pagamentos de subornos em vários países da América Latina para conseguir contratos milionários de obras públicas.
A acusação
Empresário de 79 anos com experiência e amigos em Wall Street, Kuczynski alega que nunca recebeu pagamentos ilegais da empresa brasileira, mas três em cinco peruanos consideram que ele deve deixar o poder, segundo pesquisas de opinião.
Humala permanece em prisão preventiva, acusado de receber três milhões de dólares para sua campanha eleitoral de 2011, enquanto que contra Toledo pesa uma ordem de extradição dos Estados Unidos, por supostamente receber 20 milhões de dólares em propinas para conceder à Odebrecht a construção de uma rodovia.