O trabalho de buscas por vítimas da tragédia em Brumadinho entra no 10º dia neste domingo (3). O último balanço divulgado pelas autoridades indica que o número de mortes até agora é de 121. Há ainda 226 pessoas desaparecidas e outras 395 que foram localizadas após o rompimento da barragem da Vale, ocorrida em 25 de janeiro.
Trabalham no local mais de 250 bombeiros e 22 cães farejadores. Desde esta sexta-feira (1º), quando o rompimento da barragem da Vale na Grande BH completou uma semana, a operação de resgate entrou numa nova fase e não tem data para acabar, segundo as autoridades. Neste sábado (2), além das buscas, começaram as vistorias em barragens do estado e foi finalizada a 1ª estrutura de contenção no rio Paraopeba.
Números da tragédia
- 121 mortos confirmados – 94 identificados (veja a lista)
- 226 desaparecidos (veja a lista)
- 192 resgatados
- 395 localizados
Neste sábado, as equipes de resgate concentraram esforços em uma região em que estariam localizadas vítimas que estavam em um vestiário. No final da tarde de sexta-feira, foram identificados objetos deste local e, desde a manhã de sábado (2), começou o processo de escavações e estabilidade do terreno, como informou o tenente porta-voz do Corpo de Bombeiros, Pedro Aihara.
“Esse foi um avanço bem importante para as equipes de busca. Estima-se que a área do vestiário congregue um número muito grande de vítimas”, diz Aihara.
Ainda segundo o porta-voz, há ainda pontos em que a lama alcança cerca de 20 metros de profundidade e os corpos que estavam em níveis superficiais da lama, praticamente, em sua totalidade, já foram retirados. Por conta disso, será necessário um trabalho muito demorado de escavação.
Desde o dia seguinte do rompimento da barragem não são achados sobreviventes. Para os bombeiros, é muito pequena a possibilidade de achar alguém vivo em meio ao mar de lama, que varreu a comunidade local e parte do centro administrativo e do refeitório da Vale.
Entre as vítimas, estão pessoas que moravam no entorno e funcionários da mineradora. Por causa do número de mortos, o prédio do velório municipal não foi suficiente. Outros dois locais foram improvisados para receber as famílias.
Vistorias em barragens
Fiscais da Agência Nacional de Mineração, da Fundação Estadual do Meio Ambiente e da Defesa Civil começaram neste sábado (2) a vistoria da barragem Vargem Grande, da Vale, em Itabirito, na Região Central de Minas Gerais. Esta é uma das 40 barragens de rejeitos consideradas de alto risco no estado.
Eles fizeram uma inspeção e analisaram os planos de segurança. A Vargem Grande é uma das barragens construídas à montante pela Vale. Ela tem 9,5 milhões de m³ de rejeitos.
A empresa anunciou, nesta semana, que vai paralisar as atividades lá e em outras nove barragens que ficam em Minas Gerais para realizar o descomissionamento, que é a desativação e retirada dos rejeitos da barragem, nos próximos três anos. Na realidade, a decisão de acabar com as estruturas foi tomada em 2016.
Morte do Paraopeba
O Rio Paraopeba está morto a 40 km de distância da barreira rompida em Brumadinho, segundo uma análise da água realizada pela Fundação SOS Mata Atlântica, divulgada neste sábado (2).
“Em todas as expedições que a SOS faz nos 17 estados do Bioma Mata Atlântica, nas grandes bacias, nos grandes rios, a gente nunca viu um rio morto desta forma. A gente diz que o rio está morto porque ele não tem nada de oxigênio na água, não tem nenhuma condição de abrigar vida aquática, espécie alguma e muito menos da água ser utilizada por qualquer pessoa”, afirmou Malu Ribeiro, especialista em águas da ONG.
Representantes da ONG (criada na década de 1980 para defender os últimos remanescentes de Mata Atlântica) já analisaram a água em 4 pontos do Rio Paraopeba desde a última quinta-feira (31). O projeto pretende realizar exames em mais 16 pontos nos 356 km do rio, de Brumadinho à Hidrelétrica Retiro Baixo e o reservatório de Três Marias, em Felixlândia.
Apesar do desastre ambiental, Malu Ribeiro acredita que, se medidas corretas forem tomadas, o rio será recuperado.
Água do Rio Paraopeba está muito comprometida — Foto: Reprodução / TV Globo
Enquanto isso, a montagem da primeira estrutura de contenção de rejeitos no Rio Paraopeba em Pará de Minas, decorrentes do rompimento da Barragem 1 da Mina Córrego do Feijão em Brumadinho, foi concluída neste sábado (2).
Ao todo, serão montadas três linhas de barreira ao longo do rio, com espaçamento de 20 metros entre elas. Uma equipe da Vale está em Pará de Minas desde a manhã da última quarta-feira (30) para a montagem da estrutura, que tem 250 metros de extensão e altura modulável.
Em nota, a Vale afirmou que a ação é uma medida preventiva para garantir o abastecimento de água de Pará de Minas.
Vale continua a instalar cortinas de contenção no Rio Paraopeba, em Pará de Minas — Foto: Vale/Divulgação
Arte mostra como funciona a cortina antiturbidez, sistema que protegerá bombas de captação de água no Rio Paraopeba — Foto: Alexandre Mauro/Arte G1
Raio-X da cidade de Brumadinho — Foto: Karina Almeida/G1
Detalhes sobre as barragens da Vale no Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG) — Foto: Juliane Souza/G1
Caminho da lama: veja por onde passaram os rejeitos da barragem rompida em Brumadinho (MG) — Foto: Betta Jaworski e Alexandre Mauro/G1
Como funcionam as barragens de mineração — Foto: Karina Almeida e Alexandre Mauro/G1