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sbado, 21 de dezembro de 2024
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Artigo: Conto para crianças III, no Dia Mundial da Água

Artigo: Conto para crianças III, no Dia Mundial da Água

Eu tenho vários anos de nascimento, mas não sei precisar quantos. Só sei que nasci próximo a uma mata e estou presente em uma infinita quantidade de nascentes espalhadas por esse Brasil afora. Quando chove meu volume aumenta, mas por eu estar situada em um lugar privilegiado, mesmo na estiagem, meu volume não diminui, pois o meu lençol freático é muito grande. Ei, quero te convidar para fazer uma viagem comigo. Vamos lá? Estou saindo de minha zona de conforto e vou descer por aí. Claro que estou com um pouco de receio, mas se eu não arriscar não vou saber nunca como sou tratada por aí abaixo. Caramba, logo de início tem umas pedras e um barranco. Aí que medo! Vou me aventurar. Pronto, pulei. Ai, ai, não doeu nada e foi até legal. Uai! Que é isso? Um cano sugou parte de mim. Deixe eu ver o que é. Estão me usando para molhar uma horta. Que bom! Já sirvo para alguma coisa. Deixe eu andar que o caminho é longo. Opa! me represaram. Que maravilha, estão me usando para criar peixes. Bom também! Ainda bem que tem um “ladrão” e posso seguir viagem. Ei, que é isso? Um monte de pessoas se aproximando. O que será? Estão entrando para se refrescarem. Descobri mais uma utilidade minha. Ui!Me sugaram novamente. Caramba! Estou produzindo energia elétrica. É bom saber que estou presente direta e indiretamente nas casas. Que maravilha! Estou muito feliz com o meu passeio. Sirvo para molhar horta, criar peixes, refrescar as pessoas e ainda gerar energia. Pera aí. Estou vendo um rapaz com um negócio nas costas. Ele está jogando água no capim. Hummmm, que catinga. Está me dando dor de cabeça. Poxa, ele está me usando para me envenenar. Que absurdo. Mais cedo ou mais tarde ele vai reparar o erro. Vamos embora. Epa, tem um negócio estranho aqui. Estou mudando de cor. Só me faltava essa. Isso parece esgoto. Meu Deus, tem peixinhos morrendo. Que crueldade. Que descaso. Que desrespeito para comigo. Ai, ai, ai, que dor. Estou sendo toda sugada. Deixa eu ver o que é. Estão me limpando e me tratando bem. Ainda bem que alguém se preocupa comigo. Estou voltando quase tão potável como estava antes. Estou avistando um grande lago. Deve ser o lendário mar que me falavam. Como farei se a água lá é salgada e eu sou doce? Agora não posso parar. Tô entrando. Que sensação gostosa. Estão me recepcionando. Veja, aqui também tem peixinhos. Tudo é festa. Somos de textura diferente, mas somos água e sabemos nos unir e nos respeitar. Olha, estou evaporando, estou subindo. Agora estou caindo novamente, e em forma de chuva. É adrenalina pura. É muita emoção. Estou penetrando na terra. Quando eu chegar a nascente, vou te convidar novamente para fazermos outra viagem. Quem sabe que na próxima encontremos só coisas boas. Afinal, meu nome é ÁGUA, e estou aqui para lhe servir. Por isso, proteja-me e preserve-me!

Por: José Alberto Valiati – 22/03/2019