Todos os dias, 38 mulheres pedem socorro à polícia por serem vítimas de agressões físicas, psicológicas e até ameaças de morte, no Estado. A dimensão do problema é muito maior, garantem as autoridades, já que muitas vítimas não procuram ajuda, por medo, vergonha ou por serem impedidas pelos agressores.
De janeiro a setembro deste ano, foram registrados 10.495 casos nas Delegacias de Atendimento às Mulheres (Deams) e no Plantão Especializado da Mulher (PEM), que funciona 24 horas.
Só na Grande Vitória, 3.461 vítimas buscaram socorro. Vila Velha amarga o primeiro lugar com 1.086 ocorrências, seguida de Cariacica, com 970, Serra, com 865, Vitória, com 419, e Viana, com 121. Já o PEM registrou sozinho 2.847 casos. As demais ocorrências estão espalhadas pelas outras oito delegacias do Estado, com 4.187 registros.
No roteiro dessa violência, estão atos cometidos por companheiros e ex-parceiros, que geralmente acontecem dentro de casa. Os agressores se valem de socos e pontapés a facas e marteladas para ferir o sexo oposto.
O desabafo de uma babá, de 32 anos, de Alzira Ramos, Cariacica, é semelhante ao de centenas de mulheres que vão às delegacias buscar ajuda. No Plantão Especializado da Mulher, em Vitória, ela contou que não aguentava mais as agressões do companheiro, um encarregado de obras, de 31 anos. Foram 13 anos de convivência, nos quais ela se submeteu a dores físicas.
Na manhã de 23 de setembro deste ano, ela viu o marido chegar em casa após passar a noite bebendo e questionou se ele tinha comprado a carne para o almoço. Isso foi o gatilho para que ele usasse um fio de extensão para agredi-la. Os golpes renderam marcas na cabeça, nos seios e na mão.
Ela ainda foi impedida pelo marido de acionar a polícia. A situação só teve fim quando a mãe dela chegou à casa, viu o estado da filha e a levou até a polícia.
A chefe da Divisão Especializada de Atendimento à Mulher, delegada Cláudia Dematté, afirmou que, além da rede de delegacias, a polícia investe em projetos com atendimento psicossocial para mulheres e também homens vítimas de violência doméstica.
As ações têm o objetivo de levar mais mulheres vítimas a criarem coragem de denunciar as agressões e pedirem ajuda. “Também temos realizado operações frequentes que levam à prisão, por exemplo, homens que descumprem medidas protetivas e se aproximam das vítimas”.
Fonte: Tribuna Online