A produção de cana-de-açucar deve chegar a 646,34 milhões de toneladas na safra 2017/2018, uma queda de 1,7% quando comparada à temporada anterior, que chegou a 657,18 milhões. A estimativa é do segundo levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado hoje (24).
A área colhida também sofreu uma redução de 3,1%, passando de 9,05 milhões para 8,77 milhões de hectares. Segundo a Conab, a queda ocorreu em razão da desistência e devolução de áreas de fornecedores distantes das unidades de produção, principalmente aquelas em que há dificuldade de mecanização.
Para o coordenador-geral de Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Cid Caldas, essa pequena redução de áreas não causa preocupação porque são locais onde não é possível fazer colheita mecanizada e que estão sendo abandonados. Ele explica que a compensação é feita pelo aumento da produtividade e melhor uso da terra. Para isso, o governo vai disponibilizar este ano R$ 3 bilhões no Plano Safra para o Programa de Apoio à Renovação e Implantação de Novos Canaviais (Prorenova).
“Esse recurso é disponibilizado para o material que ainda é protegido, ou seja, espécies de cana-de-açúcar que têm melhor produtividade, mais qualidade e onde há muitas tecnologias”, disse, acrescentando que hoje existem em torno de 112 dessas espécies. “Teremos mais recursos e esperamos que haja o retorno da produtividade de cana-da-açúcar”.
O recuo na produção desta safra só não é maior devido ao aumento de 1,5% na produtividade, que deve passar dos 72,62 toneladas por hectare na safra passada para 73,73 toneladas por hectare na próxima colheita.
Neste levantamento, a Conab também divulgou o percentual de colheita mecanizada no país. A estimativa para esta safra é de que 90,2% da área de colheita adotem a tecnologia. Na Região Centro-Sul, o percentual é de 95,6%, enquanto que no Norte-Nordeste é de apenas 23,2%, devido à dificuldade de atuação mecânica em um relevo mais acidentado.
Mercado consumidor
De toda a cana-de-açucar colhida, a prioridade continua sendo para a produção de açúcar, que deve atingir 39,39 milhões de toneladas, um aumento de 1,8% em relação à safra anterior, de 38,69 milhões de toneladas. Com essa tendência, a produção de etanol registra queda de 6,1%, passando de 27,81 para 26,12 milhões de toneladas.
A queda, no entanto, ocorre apenas no etanol hidratado, aquele que vai direto para as bombas de combustível. O etanol anidro tem mercado garantido na mistura com a gasolina e não apresenta variações na produção. Enquanto o hidratado cai 10,2% e sai de 16,73 para 15,02 bilhões de litros, o anidro sobe de 11,07 para 11,09 bilhões de litros, com aumento de 0,2%.
Segundo o superintendente de Informações do Agronegócio da Conab, Aroldo de Oliveira Neto, essa queda na produção do etanol hidratado reflete uma decisão de mercado das usinas de cana-de-açúcar, a partir da própria decisão do consumidor. “Se o consumidor opta em utilizar o álcool hidratado, certamente vai haver um possível processo de demanda. Elas [as usinas] têm rapidez em suprir essa demanda porque é uma questão de opção. Se há uma caída muito forte no uso do etanol nas bombas, as usinas reduzem a produção”, explicou.
A Conab faz quatro estimativas ao longo do ano-safra da cana-de-açúcar. Os dados deste segundo levantamento foram coletados entre os dias 30 de julho e 12 de agosto e estão disponíveis no site da Conab.
Fonte: Agência Brasil