“Eu fico muito agradecida, porque sou privilegiada. Mas não fiz nada sozinha. Sempre tive muito apoio dos meus colegas e familiares”, afirmou.
Rita é pediatra aposentada e faz parte da segunda turma de medicina da Ufes, do ano de 1962. Após passar dificuldades financeiras durante todo o curso, ela se diz grata por tudo o que viveu.
“Meu pai ficou doente e minha prima, que morava com a gente, costurava muito, para poder conseguir dinheiro pra sustentar a casa. Eu era monitora da cadeira de histologia e ganhava salário por isso. Além disso, na época da minha formatura, se não fosse a solidariedade dos colegas, eu não participaria. Eles me ajudaram a pagar as roupas para as fotos e tudo o mais”, contou.
A médica destaca que não acha que enfrentou dificuldades ou preconceito pelo fato de ser mulher e negra.
“Se houve, eu não percebi. Tive muito afeto em casa, e isso tudo influencia. Não foi mais difícil do que para os outros, porque os colegas muito amáveis, me tratavam com muito carinho, me serviam até cafezinho”, disse.
Rita contou que iniciou a carreira logo após a formatura. “Comecei a trabalhar logo. Nosso paraninfo foi o doutor Jayme Santos Neves, aí já fomos trabalhar no Centro de Saúde de Vitória. Eu pratiquei só pediatria, porque escolhi essa disciplina no último ano do curso”, falou.
Mudanças
Também formado na segunda turma de medicina da Ufes, Vitor Buaiz falou que a profissão passou por inúmeras mudanças ao longo do tempo.
“A formação médica melhorou de qualidade, mas a medicina mudou muito. Na nossa época, a medicina era filantropia, tanto que nosso primeiro hospital-escola foi a Santa Casa de Misericórdia de Vitória, hospital filantrópico. Depois, nós passamos para o hospital São Pedro, na Praia do Suá, até chegarmos ao hospital universitário. Foi uma luta muito grande”, relatou.
Buaiz disse que as mudanças têm fatores positivos e negativos. “A primeira coisa que nós aprendemos na escola de medicina é a relação médico-paciente. Hoje, os médicos conversam menos com o paciente e mais com a máquina – computador, aparelho de tomografia. Antigamente, era o contrário. Quanto mais se conversa com o paciente, mais ele se sente melhor e já melhoram os sintomas que são, praticamente, psicológicos”, disse.
Fonte: G1
Por Victoria Varejão, G1 ES