Uma operação do Ministério Público nesta terça-feira (5) afastou de suas funções cinco políticos de Vera Cruz, cidade de mais de 23 mil habitantes a 161 quilômetros de Porto Alegre. Eles são investigados por fraude na fila nos atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS).
O assessor jurídico da Câmara de Vereadores, Marcelo Schmidt, disse ao G1 que ainda não vai se posicionar pois não teve conhecimento do conteúdo das acusações. Já a assessoria do Executivo municipal informou que o prefeito Guido Hoff só vai se manifestar após coletiva de imprensa do Ministério Público, marcada para as 10h30.
Os afastados são o vice-prefeito, Alcindo Francisco Iser; os secretários da Saúde, Eliana Maria Gihel, e do Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, Martin Fernando Nyland; e os vereadores Eduardo Wanilson Martins Viana e Marcelo Rodrigues Carvalho.
O MP também cumpriu ordens judiciais para a suspensão do exercício da função pública de cinco assessores. Quatro são da Câmara de Vereadores: Gelson Fernandes Moura, Guilherme Matheus Oziemblovski e Anselmo Eli Ferreira Júnior; além de Ilse Miguelina Borges Riss, que trabalha na diretoria-geral do Legislativo. A quinta pessoa é Adriane Mueller, que trabalha na Secretaria de Saúde.
O esquema
Conforme as investigações, os vereadores, junto com o vice-prefeito, com a secretária de Saúde, a servidora da secretaria de Saúde, o secretário de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, promoveram um “fura-fila” nos atendimentos no município de Vera Cruz.
O grupo, ainda segundo o MP, cadastrava nos sistemas de regulação de consultas e procedimentos médicos pacientes que eram apadrinhados políticos como sendo prioritários, quando na verdade não eram, deixando sem atendimento a população de Vera Cruz. A intenção era tirar proveito político e pessoal.
As marcações ocorriam no sistema de agendamento do SUS (Sisreg), no de regulação de consultas do estado (GERCON) e no do CISVALE – consórcio intermunicipal de saúde de completar, o qual deveria ser utilizado somente para caso especiais.
Apadrinhados políticos ainda recebiam cascalho, terra, brita e areia do município, além de serviço de horas máquina da prefeitura sem a devida contraprestação do beneficiário. Para os que não tinham ligação partidária com o grupo, o encaminhamento era para que fosse seguido o procedimento correto, que dependeria de cadastro no município, requerimento e contraprestação.