por Josias A. de Andrade
Nos anos 80, Abelardo Barbosa, o Chacrinha, já dizia nas tardes de domingo em seu programa de calouros que “quem não se comunica se trumbica”. E olha que naquele tempo não havia internet, celular ou tablet; a televisão era de tubo e se resumia a menos de uma dúzia de canais analógicos. Nessa época, uma linha telefônica custava o preço de um automóvel novo e a comunicação como conhecemos hoje era coisa de filmes de ficção.
Os tempos mudaram, veio a informática e com ela o computador e os celulares, tornando a comunicação instantânea e acessível a todos.O planeta tornou-se, como profetizava o filósofo canadense Marshall McLuhan na década de 60, uma aldeia global. Um grande progresso tecnológico estava por acontecer, e as mudanças foram muito rápidas a ponto de ser impossível acompanhar toda a evolução e manter-se atualizado. No Brasil, há muito o número de celulares superou o de habitantes. Assim, cada indivíduo dispõe de um aparelho móvel para se comunicar e tem o mundo na ponta dos dedos. O computador tornou-se ferramenta indispensável para a maioria das pessoas, e todos passaram a depender direta ou indiretamente da internet. Parece assustador, mas o futuro chegou.
É interessante notar que quanto mais há facilidade de comunicação, mais ela se torna ineficaz e cheia de ruídos tanto na fala quanto na escrita. As velhas máquinas de escrever deram espaço às modernas impressoras a laser coloridas e ultravelozes com qualidade gráfica impecável. A escrita manual também passou a ser pouco praticada. Hoje, quando alguém quer se comunicar tecla no laptop, tabletou celular; e faz isso sem muito critério, porque a comunicação é instantânea e aproveita-se o calor das emoções para pôr as ideias na tela e mandar para o leitor-receptor remoto. E a esse ato descuidado de escrever atribuem-se incontáveis razões, todas descabidas. É imperioso entender que a educação de uma forma geral é sofrível; e o uso da língua portuguesa, em particular, não é levado a sério como deveria. Mas alguém pode perguntar: se todos vivem com a cara enfiada na tela do celular a digitar diariamente mensagens sabe-se lá para quem, por que escrevem mal? Por que inventam palavras esdrúxulas, abreviações que só “a galera” entende e neologismos que empobrecem a língua em vez de torná-la de fato uma ferramenta de comunicação eficaz?
É um paradoxo dispor de todos os recursos na palma da mão, literalmente, e fazer mau uso deles. E aí alguém contra-argumenta que a urgência do tempo não permite que se escreva com esmero. Já ouvi esta balela, com a qual não concordo, ser dita até por editores de jornais impressos.E não só esses, outros tantos também justificam erros de toda sorte pela urgência do tempo. Esquece quem usa tais argumentos que hoje o tempo é o grande aliado de todos que lidam com a informação. O grande diferencial é que na aldeia de hoje não se usa mais fumaça, e a informação atinge o planeta na velocidade da luz. Quer um exemplo real?Um jornalista que aguarda o próximo voo no aeroporto de algum país, após redigir às pressas sua matéria para ser publicada no mesmo dia, envia o texto a mim para ser revisado. Do envio para revisão à efetiva publicação passam-se minutos até que a matéria seja publicada isenta de erros. Conclusão: quando há seriedade no trabalho e uso correto da tecnologia o profissional torna o tempo e os recursos de que dispõe grandes aliados para realizar um trabalho de excelência.
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