Neste ano, o tradicional Prêmio Fundação Bunge, que já contemplou grandes nomes da literatura brasileira, como Érico Veríssimo, Hilda Hilst e Jorge Amado, entre outros, contemplará, na categoria Juventude de Literatura Infantojuvenil, Nina Krivochein, uma adolescente de 14 anos que já publicou três livros e tem despertado o interesse pela leitura em milhares de crianças pelo Brasil. Além do reconhecimento, a jovem receberá a quantia de R$ 60 mil e medalha de prata. A cerimônia de entrega do Prêmio será no dia 13 de novembro, em São Paulo (SP).
Nina nasceu em Luziânia (GO), mas há dois anos vive em Santo Tirso, no Distrito do Porto, ao Norte de Portugal, onde dá continuidade aos estudos na Escola da Ponte, uma instituição de ensino público que é referência mundial por adotar um método de educação baseado na perspectiva de construção de autonomia, abolindo provas, ciclos e séries, reunindo os estudantes como educadores de seus pares. Segundo Nina, a mudança tem apurado seu estilo de escrita e inspirado novas obras.
“Nunca me senti bem nas escolas tradicionais e como aqui eu tenho muito mais autonomia e sou constantemente incentivada a pesquisar, uso meu tempo para descobrir coisas que posso utilizar nos meus livros que ainda serão publicados”. Sua primeira obra, A vaca que não gostava do pasto, foi escrita aos seis anos, em 2011, está na segunda edição e foi adotada como material didático para alfabetização de alunos do ensino fundamental de escolas públicas no Brasil. Outros dois livros vieram depois (A menina que tinha cães invisíveis, em 2013, e Filhos de Peixe, em 2016). Agora, Nina está finalizando a obra Luna Moon e a guerra entre os reinos, história baseada na cultura celta e fruto das pesquisas que ela tem feito na Escola da Ponte.
Questionada sobre a importância do seu trabalho no incentivo à leitura, Nina explica que, por ser uma adolescente, tem a vantagem de saber o que pode despertar mais a atenção deste tipo de público. “Escrevo sobre coisas que eu ou a maioria das pessoas na minha idade tem interesse. A leitura não deve ser uma atividade obrigatória e nem massante. Até mesmo aqueles livros grandões, que às vezes nos assustam pelo tamanho, se tiverem uma linguagem mais simples e leve, serão mais interessantes”, afirma.
Na vida de Nina, o gosto pelos livros surgiu logo no início da alfabetização, aos seis anos. A mãe Joana Cabral, também escritora, e o pai, Igor Marques, artista plástico, sempre incentivaram a filha. “Meus pais sempre me indicaram livros e respeitaram meus gostos. Conversamos muito sobre livros e acredito que esta seja a melhor forma de criar o hábito de leitura. As famílias precisam deixar os livros ao alcance das crianças, ouvir sobre os interesses delas, ler junto e criar uma rotina de leitura. Se pegar gosto pelos livros, nunca mais vão parar de ler. Agora estou lendo Shakespeare”, finaliza.
Sobre o Prêmio Fundação Bunge
O Prêmio Fundação Bunge foi criado em 1955 para incentivar a inovação e a disseminação de conhecimento e para reconhecer profissionais que contribuem para o desenvolvimento da cultura e das ciências no Brasil, além de estimular novos talentos. Desde então, mais de 190 personalidades já foram homenageadas. Na área de Letras estão nomes como Ruth Rocha, Érico Veríssimo, Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Lygia Fagundes Telles e Hilda Hilst.