Devido ao estado de decomposição, os corpos serão liberados somente após o exame de DNA, que deve comprovar oficialmente a identidade dos três adolescentes; resultado sai em até 45 dias
Os corpos dos adolescentes Kauã Loureiro, Carlos Henrique Trajanos, 15 anos, e Wellington Gomes, 14 anos, que desapareceram no 18 de agosto, em Sooretama, no Norte do Espírito Santo, vão passar por exames de DNA antes de serem liberados para as famílias realizarem o velório e o sepultamento. As vítimas foram encontradas enterradas em uma área de plantação de eucalipto nesta sexta-feira (1°), 14 dias após o crime. As informações são do G1.
Segundo a Polícia Civil, por conta do adiantado estado de decomposição, os corpos dos adolescentes foram encaminhados ao Departamento Médico Legal (DML) de Vitória para serem necropsiados e, posteriormente, liberados para os familiares.
A corporação explicou que a primeira tentativa de identificação é por meio de digitais, entretanto, apenas em um dos corpos foi possível realizar a coleta de amostras. Nos casos em que não é possível realizar a identificação por meio de digitais, o DML utiliza outros meios de identificação, o que inclui análise de arcada dentária ou, em último caso, identificação por DNA.
Entenda
De acordo com os familiares, dos três adolescentes, apenas o Kauã tinha carteira de identidade. Carlos Henrique e Wellington não tinham documentos com as digitais cadastradas, o que dificulta a confirmação oficial da identidade dos garotos.
A Prefeitura de Sooretama, então, mobilizou um transporte para trazer um familiar de cada um dos meninos até Vitória, a fim de otimilizar o reconhecimento e a liberação dos corpos.
No entanto, como os corpos foram encontrados em adiantado estado de composição, não foi possível o reconhecimento das vítimas visualmente e que, devido a ausência de documentos com digitais dos dois garotos, o protocolo vai ser realização da análise dentária ou teste de DNA, no qual o resultado pode demorar até 45 dias.
O pai de Kauã, o único adolescente que tinha documento com digital, também explicou que não conseguiu liberar o corpo do filho.
Ainda de acordo com os familiares, os responsáveis pelos garotos foram orientados a fazer a coleta para o teste de DNA na próxima segunda-feira (4) no Departamento Médico Legal (DML) de Linhares, localizado na Região Norte, e o prazo começa a ser contado a parte desta data.
Famílias lamentam
Ao saber que não seria possível liberar os corpos, o irmão de Welligton lamentou a situação e disse que isso só reforça o sofrimento entre as famílias.
“Nossas famílias estavam juntas desde o início, por que não liberar os três todos juntos? Se tiver que sofrer, sofrer uma vez só, entendeu? É meio angustiante porque você acaba sofrendo duas, três vezes. Além dos dias que você esperou uma resposta, esperar mais 45 dias pra poder sair um DNA e enterrar meu irmão. Só de saber que vai ter enterrar um filho, um parente, um irmão, é complicado. Imagina ter que esperar…”, disse Wesley Gomes Simon.
Vítimas da guerra do tráfico
De acordo com o Secretário de Segurança Pública do Espírito Santo (Sesp), Alexandre Ramalho, os adolescentes foram vítimas da guerra do tráfico da região. Os meninos desapareceram após um tiroteio registrado em Areal, em Sooretama, bairro vizinho onde eles moravam.
“Esses jovens vão, por curiosidade, segundo a família, até o bairro Areal, para verificar uma situação de que uma pessoa tinha sido baleado. Lá, aquela pessoa que morreu seria da Baixada (onde os adolescentes moravam). Então, quando eles (os criminosos) souberam que aqueles três jovens pertenciam à Baixada, eles fizeram a apreensão deles e uma série de crueldade, que não vamos relatar em respeito à família”, disse Alexandre Ramalho.